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Vocabulário da Filosofia
essência
Definition:A essência constitui primeiramente o pólo oposto à existência. Assim como a existência responde à questão "se" um ente existe, a essência responde à questão "que" é um ente; por isso a essência se denomina também qüididade (do latim: quidditas). No aspecto que estamos considerando, referimo-nos à essência individualmente determinada, ou seja, ao núcleo substancial do ente em sua concreta individualização (p. ex., "este" homem Pedro), porque o universal, enquanto tal, não pode existir. A essência do finito, como finita que é, permanece aquém da plenitude do ser, nunca compreende mais do que um setor de suas possibilidades, ao passo que a essência de Deus abarca a plenitude infinita do ser: Ele é "o" próprio Ser (ipsum esse). Conseqüentemente, a essência de Deus exclui toda distinção relativamente à existência; ao invés, o finito caracteriza-se por esta distinção, na qual a essência, como potência subjetiva, e o ser (a existência), como ato, constituem (como princípios do ser) o finito.
Numa segunda acepção, o termo denota o fundo essencial interno das coisas, em oposição à sua forma (configuração) exterior. Aqui, a essência é o ser próprio ou verdadeiro das coisas, que produz, sustenta e torna inteligível a forma aparente das mesmas. Propriedades opostas diferenciam entre si os dois domínios. Enquanto a forma aparente está sujeita à individualização, à mudança e, portanto, à ausência de necessidade, a essência aparece como algo superior à individualização, algo permanente e necessário. A doutrina platônica das idéias entusiasmou-se, ao interpretar esta dualidade; e os sistemas filosóficos continuaram sempre discrepando neste particular. O conceptualismo absorve ou volatiliza a essência no fenômeno tornando, por isso, impossível toda metafísica. O panteísmo, pelo contrário, dissolve, em última instância, o fenômeno na essência ao fazer do ser absoluto o fundo essencial imanente das coisas. No centro, encontra-se a nossa concepção, segundo a qual, às coisas corresponde um fundo essencial imanente próprio, que, ao mesmo tempo, representa uma participação do fundamento último transcendente, do Ser absoluto e, por tal motivo, reflete também analogicamente as propriedades deste. Nosso conhecimento apreende por abstração o fundo imanente essencial no conceito universal e, mediante raciocínio na demonstração da existência de Deus, o fundamento último transcendente. O fundamento essencial imanente pode ser considerado do ponto de vista metafísico ou físico. A essência metafísica só designa o núcleo íntimo, sem o qual esta essência seria suprimida; a essência física inclui outrossim, as propriedades essenciais (propriedades) que necessariamente se seguem daquele núcleo e sem as quais esta essência não poderia realizar-se fisicamente. — LOTZ. [Brugger]
O termo essência refere-se, em geral, àquilo em que algo consiste e entendeu-se de maneiras muito diferentes. Na medida em que Platão considerou as idéias e as formas como modelos e “realidades verdadeiras”, viu-as como essências, mas só a partir de Aristóteles se obtém uma idéia apropriada da essência. Com efeito, a partir das análises de Aristóteles, considera-se como essência o quê de uma coisa, isto é, não o que a coisa seja (ou o fato de ser a coisa), mas o que é. Por outro lado, considera-se que a essência é certo predicado por meio do qual se diz o que a coisa é, ou se define a coisa. No primeiro caso, temos a essência como algo de real. No segundo, como algo de lógico ou conceptual. Os dois sentidos estão estreitamente relacionados, mas tende-se a ver o primeiro a partir do segundo. Por isso, o problema da essência foi muitas vezes o problema da predicação. Naturalmente, nem todos os predicados são essenciais. Dizer “Pedro é um bom estudante” não é enunciar a essência de Pedro, pois “é um bom estudante” pode considerar-se como um predicado acidental de Pedro. Dizer “Pedro é homem” é expressar o ser essencial de Pedro. Mas expressa também o ser essencial de Paulo, António, etc. Para se ver o que Pedro é dever-se-ia encontrar uma diferença que o demarcasse essencialmente em relação a Paulo, Antônio, João, etc. Ora, dada a dificuldade de encontrar definições essenciais para indivíduos, tendeu-se a reservar as definições essenciais para classes de indivíduos. Por exemplo, dizer “o homem é um animal racional” foi considerado como uma definição essencial (necessária e suficiente), pois expressa o gênero próximo e a diferença específica, de modo que não pode confundir-se o homem com nenhuma outra classe de indivíduos.
Devido a isso, muitos autores, a partir de Aristóteles, afirmaram que a essência só se predica de universais. Contudo, isto não é completamente satisfatório. Dizer que a essência é uma entidade abstrata (um universal) equivale a adoptar uma determinada posição ontológica que não pode ser subscrita por todos os filósofos. Pode, pois, também voltar-se à realidade e alegar que a essência é um constitutivo metafísico de qualquer realidade. As respostas dadas ao problema da essência dependeram em grande parte do fato de se ter sublinhado o aspecto lógico ou o aspecto metafísico. Assim, se define a essência como um predicado, pergunta-se se é necessário ou suficiente. Se se define como um universal, pode perguntar-se se trata de um gênero, de uma espécie ou de ambos. Se é um constitutivo metafísico, pode considerar-se como uma idéia, como uma forma, como um modo de causa, etc.
Por outro lado, do ponto de vista metafísico, pode considerar-se a essência como uma parte da coisa juntamente com a existência. Levanta-se aqui o problema da relação entre a essência e a existência, tão abundantemente tratado pelos filósofos medievais, e, em particular pelos filósofos escolásticos - incluindo os escolásticos Árabes.
O termo essência ligou-se muitas vezes ao termo ser. Assim, em Santo Agostinho, para o qual “essência se diz daquilo que é ser... as demais coisas que se acham essências ou substâncias implicam acidentes que provocam nelas alguma mudança” (SOBRE A TRINDADE). Assim se afirma que Deus é substância ou, como este nome lhe convém mais, essência. Enquanto caráter fundamental do ser, a essência corresponde aqui só a Deus. Segundo S. Tomás, a essência diz-se daquilo pelo qual e no qual a coisa tem o ser (SOBRE O ENTE E A ESSÊNCIA). Estas definições da essência parecem primeiramente “metafísicas”, mas podem também caraterizarse logicamente se se sublinhar que a essência pode conceber-se como algo que constitui a coisa e que este algo se expressa indicando mediante que termos se define essencialmente a coisa. Como se afirmou, uma das questões mais graves é a da relação entre a essência e a existência. Das muitas opiniões a esse respeito, vamos destacar algumas fundamentais.
S. Tomás e os autores que ele influenciou afirmam que há distinção real entre a essência e a existência nos entes criados, mas isto não significa que a essência seja um mero acidente acrescentado à existência. Assim S. Tomás opunha-se à teoria de Avicena.. Para este e para os escolásticos cristãos que seguiram a sua doutrina, a essência deve ser tomada em si mesma e não na coisa ou no entendimento. Na coisa, a essência é aquilo pelo qual a coisa é. No entendimento, é aquilo que é mediante definição em si mesma, a essência é o que é. Di-lo Duns Escoto quando afirma que essência pode ser considerada em si mesma (estado metafísico), no qual singular (estado físico ou real) ou no pensamento (estado lógico). Metafisicamente considerada, a essência distingue-se da existência só por uma distinção formal. Suárez não admitiu uma distinção real entre essência e existência, mas distinção de razão. Averroes tendeu a não admitir nenhuma distinção. De modo parecido, Guilherme de Ocam afirmou que a essência e a existência não são duas realidades distintas: quer em Deus, quer na criatura não se distinguem entre si a essência e a existência mais do que aquilo que cada uma difere de si mesma. “essência” e “existência” são dois termos que significam a mesma coisa, mas uma significa-a à maneira de um verbo, e a outra à maneira de um nome. Alguns dos problemas referidos passaram para a filosofia moderna. Imediatamente, os grandes escolásticos modernos ocuparam-se da questão da essência seguindo, regra geral, algumas das grandes vias medievais (tomista, escotista, occamista), mas contribuindo com particularizações que nem sempre se encontram nos escolásticos medievais. Assim, por exemplo, Suárez, que rejeita as posições tomista e escotista e se inclina para a distinção de razão, defende que não pode considerar-se a existência como realmente distinta da essência já que, de contrário, teríamos na coisa o modo de ser que lhe não pertence pela sua própria natureza.
Parte considerável da discussão sobre as essências, na filosofia moderna, especialmente entre os grandes filósofos do século XVII, girou em torno da natureza das essências e da relação entre a essência e a existência. Particularmente importante é a noção de essência em Leibniz; toda a essência, afirma repetidamente, tende por si mesma à existência. São possíveis as essências que possuem um conatus que as leva a realizar-se sempre que estejam fundadas num ser necessário e existente. A razão desta propensão para existir está, para Leibniz, no princípio da razão suficiente. A noção de essência desempenha um papel capital na filosofia de Hegel, segundo este autor, o Absoluto aparece primeiro como ser e depois como essência. “A essência é a verdade do ser” (A CIÊNCIA DA LóGICA). A essência aparece como o movimento próprio, infinito, do ser. A essência é o ser em e para si mesmo, ou seja, o ser em absoluto. A essência é o lugar intermédio entre o ser e o conceito. “O seu movimento efectua-se do ser para o conceito”, e assim se tem a tríade: ser, essência, conceito. Ao mesmo tempo, a essência desenvolve-se dialeticamente em três fases: primeiro aparece em si como reflexão e é essência simples em si; segundo, aparece como essência que emerge para a existência; terceiro, revela-se como essência que forma uma unidade com o seu aparecimento. A esta última fase da essência, antes de passar ao conceito, chama-lhe Hegel “efetividade”. Das doutrinas contemporâneas sobre a essência, deve destacar-se a de Husserl e a dos fenomenólogos, as essências não são, para a fenomenologia, realidades propriamente metafísicas. Mas também não são conceitos, operações mentais, etc. São “unidades ideais de significação” - ou “significação” - que surgem à consciência intencional quando esta procura descrever perfeitamente o dado. As essências, em sentido fenomenológico, são intemporais e apriorísticas. Distinguem-se, pois, dos fatos, que são temporais e aposteriorísticos. As essências na fenomenologia, são também universais, mas, em vez de serem abstratas, são concretas. Deve ter-se em conta que as essências não têm realidade ou existência, mas idealidade.
As essências de que falamos podem ser formais ou materiais. As primeiras são essências que não têm conteúdo e que valem para todos os objetos; quer ideais quer reais. As segundas são essências com conteúdo limitado, referidas a uma esfera e válidas apenas para essa esfera. A diferença entre essências formais e essências materiais não se funda na sua natureza, mas no raio da sua aplicação. [Ferrater]
1) A substância enquanto substância primeira, (ousia próte), o ser individual, matéria;
2) o indispensável de uma coisa, a substância segunda (formal) (ousia deutera).
Assim essência é o "fundo" do ser, metafisicamente considerado.
Os escolásticos consideram essência: todos os elementos que, ao ser dados, põem como dada a coisa, sem que se possa suprimir nenhum deles.
O gênero é essência da espécie. O ser humano (humanitas), essência do indivíduo homem, tal ou qual.
Podemos fazer uma distinção entre essência, em sentido lógico e em sentido metafísico.
Metafisicamente, a essência é o substancial, pelo qual se entende tanto o substancial individual (fático) como o geral (formal).
Este caráter dual da essência, já foi exposto por Aristóteles.
Logicamente, a essência é o que determina um objeto no processo da definição, e só então se pode falar, propriamente, de uma distinção entre a essência e a existência.
Tomás de Aquino dizia: "A essência é o que dá existência à realidade. Por isso convém que a essência, pela qual a realidade se chama ente, não seja tão somente a forma, nem tampouco a matéria, mas ambas, ainda quando apenas a forma seja, à sua maneira, a causa' de seu ser".
Husserl afirma, como já o faziam Duns Scot e Suarei, a inseparabilidade da essência e da existência.
Quer evitar, assim a forma apriorística, abstrata, vazia. É a generalidade concreta. (NA: Este tema analisaremos e discutiremos oportunamente ao estudarmos os princípios do ser.)
As ciências eidéticas, de que ele fala, são as que se fundam nas essências. As ciências fáticas são as experimentais.
Todas as ciências de fatos têm fundamentos essenciais teóricos nas ontologias eidéticas. [MFS]
Numa segunda acepção, o termo denota o fundo essencial interno das coisas, em oposição à sua forma (configuração) exterior. Aqui, a essência é o ser próprio ou verdadeiro das coisas, que produz, sustenta e torna inteligível a forma aparente das mesmas. Propriedades opostas diferenciam entre si os dois domínios. Enquanto a forma aparente está sujeita à individualização, à mudança e, portanto, à ausência de necessidade, a essência aparece como algo superior à individualização, algo permanente e necessário. A doutrina platônica das idéias entusiasmou-se, ao interpretar esta dualidade; e os sistemas filosóficos continuaram sempre discrepando neste particular. O conceptualismo absorve ou volatiliza a essência no fenômeno tornando, por isso, impossível toda metafísica. O panteísmo, pelo contrário, dissolve, em última instância, o fenômeno na essência ao fazer do ser absoluto o fundo essencial imanente das coisas. No centro, encontra-se a nossa concepção, segundo a qual, às coisas corresponde um fundo essencial imanente próprio, que, ao mesmo tempo, representa uma participação do fundamento último transcendente, do Ser absoluto e, por tal motivo, reflete também analogicamente as propriedades deste. Nosso conhecimento apreende por abstração o fundo imanente essencial no conceito universal e, mediante raciocínio na demonstração da existência de Deus, o fundamento último transcendente. O fundamento essencial imanente pode ser considerado do ponto de vista metafísico ou físico. A essência metafísica só designa o núcleo íntimo, sem o qual esta essência seria suprimida; a essência física inclui outrossim, as propriedades essenciais (propriedades) que necessariamente se seguem daquele núcleo e sem as quais esta essência não poderia realizar-se fisicamente. — LOTZ. [Brugger]
O termo essência refere-se, em geral, àquilo em que algo consiste e entendeu-se de maneiras muito diferentes. Na medida em que Platão considerou as idéias e as formas como modelos e “realidades verdadeiras”, viu-as como essências, mas só a partir de Aristóteles se obtém uma idéia apropriada da essência. Com efeito, a partir das análises de Aristóteles, considera-se como essência o quê de uma coisa, isto é, não o que a coisa seja (ou o fato de ser a coisa), mas o que é. Por outro lado, considera-se que a essência é certo predicado por meio do qual se diz o que a coisa é, ou se define a coisa. No primeiro caso, temos a essência como algo de real. No segundo, como algo de lógico ou conceptual. Os dois sentidos estão estreitamente relacionados, mas tende-se a ver o primeiro a partir do segundo. Por isso, o problema da essência foi muitas vezes o problema da predicação. Naturalmente, nem todos os predicados são essenciais. Dizer “Pedro é um bom estudante” não é enunciar a essência de Pedro, pois “é um bom estudante” pode considerar-se como um predicado acidental de Pedro. Dizer “Pedro é homem” é expressar o ser essencial de Pedro. Mas expressa também o ser essencial de Paulo, António, etc. Para se ver o que Pedro é dever-se-ia encontrar uma diferença que o demarcasse essencialmente em relação a Paulo, Antônio, João, etc. Ora, dada a dificuldade de encontrar definições essenciais para indivíduos, tendeu-se a reservar as definições essenciais para classes de indivíduos. Por exemplo, dizer “o homem é um animal racional” foi considerado como uma definição essencial (necessária e suficiente), pois expressa o gênero próximo e a diferença específica, de modo que não pode confundir-se o homem com nenhuma outra classe de indivíduos.
Devido a isso, muitos autores, a partir de Aristóteles, afirmaram que a essência só se predica de universais. Contudo, isto não é completamente satisfatório. Dizer que a essência é uma entidade abstrata (um universal) equivale a adoptar uma determinada posição ontológica que não pode ser subscrita por todos os filósofos. Pode, pois, também voltar-se à realidade e alegar que a essência é um constitutivo metafísico de qualquer realidade. As respostas dadas ao problema da essência dependeram em grande parte do fato de se ter sublinhado o aspecto lógico ou o aspecto metafísico. Assim, se define a essência como um predicado, pergunta-se se é necessário ou suficiente. Se se define como um universal, pode perguntar-se se trata de um gênero, de uma espécie ou de ambos. Se é um constitutivo metafísico, pode considerar-se como uma idéia, como uma forma, como um modo de causa, etc.
Por outro lado, do ponto de vista metafísico, pode considerar-se a essência como uma parte da coisa juntamente com a existência. Levanta-se aqui o problema da relação entre a essência e a existência, tão abundantemente tratado pelos filósofos medievais, e, em particular pelos filósofos escolásticos - incluindo os escolásticos Árabes.
O termo essência ligou-se muitas vezes ao termo ser. Assim, em Santo Agostinho, para o qual “essência se diz daquilo que é ser... as demais coisas que se acham essências ou substâncias implicam acidentes que provocam nelas alguma mudança” (SOBRE A TRINDADE). Assim se afirma que Deus é substância ou, como este nome lhe convém mais, essência. Enquanto caráter fundamental do ser, a essência corresponde aqui só a Deus. Segundo S. Tomás, a essência diz-se daquilo pelo qual e no qual a coisa tem o ser (SOBRE O ENTE E A ESSÊNCIA). Estas definições da essência parecem primeiramente “metafísicas”, mas podem também caraterizarse logicamente se se sublinhar que a essência pode conceber-se como algo que constitui a coisa e que este algo se expressa indicando mediante que termos se define essencialmente a coisa. Como se afirmou, uma das questões mais graves é a da relação entre a essência e a existência. Das muitas opiniões a esse respeito, vamos destacar algumas fundamentais.
S. Tomás e os autores que ele influenciou afirmam que há distinção real entre a essência e a existência nos entes criados, mas isto não significa que a essência seja um mero acidente acrescentado à existência. Assim S. Tomás opunha-se à teoria de Avicena.. Para este e para os escolásticos cristãos que seguiram a sua doutrina, a essência deve ser tomada em si mesma e não na coisa ou no entendimento. Na coisa, a essência é aquilo pelo qual a coisa é. No entendimento, é aquilo que é mediante definição em si mesma, a essência é o que é. Di-lo Duns Escoto quando afirma que essência pode ser considerada em si mesma (estado metafísico), no qual singular (estado físico ou real) ou no pensamento (estado lógico). Metafisicamente considerada, a essência distingue-se da existência só por uma distinção formal. Suárez não admitiu uma distinção real entre essência e existência, mas distinção de razão. Averroes tendeu a não admitir nenhuma distinção. De modo parecido, Guilherme de Ocam afirmou que a essência e a existência não são duas realidades distintas: quer em Deus, quer na criatura não se distinguem entre si a essência e a existência mais do que aquilo que cada uma difere de si mesma. “essência” e “existência” são dois termos que significam a mesma coisa, mas uma significa-a à maneira de um verbo, e a outra à maneira de um nome. Alguns dos problemas referidos passaram para a filosofia moderna. Imediatamente, os grandes escolásticos modernos ocuparam-se da questão da essência seguindo, regra geral, algumas das grandes vias medievais (tomista, escotista, occamista), mas contribuindo com particularizações que nem sempre se encontram nos escolásticos medievais. Assim, por exemplo, Suárez, que rejeita as posições tomista e escotista e se inclina para a distinção de razão, defende que não pode considerar-se a existência como realmente distinta da essência já que, de contrário, teríamos na coisa o modo de ser que lhe não pertence pela sua própria natureza.
Parte considerável da discussão sobre as essências, na filosofia moderna, especialmente entre os grandes filósofos do século XVII, girou em torno da natureza das essências e da relação entre a essência e a existência. Particularmente importante é a noção de essência em Leibniz; toda a essência, afirma repetidamente, tende por si mesma à existência. São possíveis as essências que possuem um conatus que as leva a realizar-se sempre que estejam fundadas num ser necessário e existente. A razão desta propensão para existir está, para Leibniz, no princípio da razão suficiente. A noção de essência desempenha um papel capital na filosofia de Hegel, segundo este autor, o Absoluto aparece primeiro como ser e depois como essência. “A essência é a verdade do ser” (A CIÊNCIA DA LóGICA). A essência aparece como o movimento próprio, infinito, do ser. A essência é o ser em e para si mesmo, ou seja, o ser em absoluto. A essência é o lugar intermédio entre o ser e o conceito. “O seu movimento efectua-se do ser para o conceito”, e assim se tem a tríade: ser, essência, conceito. Ao mesmo tempo, a essência desenvolve-se dialeticamente em três fases: primeiro aparece em si como reflexão e é essência simples em si; segundo, aparece como essência que emerge para a existência; terceiro, revela-se como essência que forma uma unidade com o seu aparecimento. A esta última fase da essência, antes de passar ao conceito, chama-lhe Hegel “efetividade”. Das doutrinas contemporâneas sobre a essência, deve destacar-se a de Husserl e a dos fenomenólogos, as essências não são, para a fenomenologia, realidades propriamente metafísicas. Mas também não são conceitos, operações mentais, etc. São “unidades ideais de significação” - ou “significação” - que surgem à consciência intencional quando esta procura descrever perfeitamente o dado. As essências, em sentido fenomenológico, são intemporais e apriorísticas. Distinguem-se, pois, dos fatos, que são temporais e aposteriorísticos. As essências na fenomenologia, são também universais, mas, em vez de serem abstratas, são concretas. Deve ter-se em conta que as essências não têm realidade ou existência, mas idealidade.
As essências de que falamos podem ser formais ou materiais. As primeiras são essências que não têm conteúdo e que valem para todos os objetos; quer ideais quer reais. As segundas são essências com conteúdo limitado, referidas a uma esfera e válidas apenas para essa esfera. A diferença entre essências formais e essências materiais não se funda na sua natureza, mas no raio da sua aplicação. [Ferrater]
1) A substância enquanto substância primeira, (ousia próte), o ser individual, matéria;
2) o indispensável de uma coisa, a substância segunda (formal) (ousia deutera).
Assim essência é o "fundo" do ser, metafisicamente considerado.
Os escolásticos consideram essência: todos os elementos que, ao ser dados, põem como dada a coisa, sem que se possa suprimir nenhum deles.
O gênero é essência da espécie. O ser humano (humanitas), essência do indivíduo homem, tal ou qual.
Podemos fazer uma distinção entre essência, em sentido lógico e em sentido metafísico.
Metafisicamente, a essência é o substancial, pelo qual se entende tanto o substancial individual (fático) como o geral (formal).
Este caráter dual da essência, já foi exposto por Aristóteles.
Logicamente, a essência é o que determina um objeto no processo da definição, e só então se pode falar, propriamente, de uma distinção entre a essência e a existência.
Tomás de Aquino dizia: "A essência é o que dá existência à realidade. Por isso convém que a essência, pela qual a realidade se chama ente, não seja tão somente a forma, nem tampouco a matéria, mas ambas, ainda quando apenas a forma seja, à sua maneira, a causa' de seu ser".
Husserl afirma, como já o faziam Duns Scot e Suarei, a inseparabilidade da essência e da existência.
Quer evitar, assim a forma apriorística, abstrata, vazia. É a generalidade concreta. (NA: Este tema analisaremos e discutiremos oportunamente ao estudarmos os princípios do ser.)
As ciências eidéticas, de que ele fala, são as que se fundam nas essências. As ciências fáticas são as experimentais.
Todas as ciências de fatos têm fundamentos essenciais teóricos nas ontologias eidéticas. [MFS]
Submitted by mccastro, on 22-Oct-2008. | This entry has been seen individually 202 times.