Cerca de 15 navios estiveram ontem atracados ou fundeados no Tejo, à espera do fim da greve dos trabalhadores portuários do porto de Lisboa. Todos os terminais concessionários ficaram paralisados. Alguns navios conseguiram lugar nos cais dos concessionários, mas outros tiveram de ficar fundeados entre a baía de Cascais e o Mar da Palha.
João Carvalho, presidente da Comunidade Portuária de Lisboa, disse ao DN que o porto de Lisboa foi o único que manteve a greve de dois dias. A Administração do Porto de Douro e Leixões comunicou que o porto "trabalhou normalmente".
No primeiro dia de greve, mais de oito navios foram desviados para outros portos. Ontem, assistiu-se a algum engarrafamento nos acessos aos terminais do porto de Lisboa, que já estavam com a capacidade de atracagem esgotada. A Sotágus, que gere o terminal de Santa Apolónia, foi a concessionária que maiores problemas registou com a chegada de cinco navios. Destes, apenas três tinham lugar para atracar e os outros dois tiveram de ficar fundeados no Mar da Palha. A situação tenderá a regularizar ao longo do dia de hoje.
Os prejuízos decorrentes da greve que afectou todos os portos nacionais e das ilhas, com excepção das infra-estruturas de Sines e do Funchal, ultrapassaram os 50 milhões de euros, e o número de navios afectados ascendeu a 70. Ontem, no porto de Lisboa, junto ao terminal de Alcântara, gerido pela Liscont, o número de contentores em terra era grande, comparativamente ao dos outros dias.
Os trabalhadores portuários estão contra a directiva, que, entre outras matérias, propõe a liberalização da mão-de-obra nos portos, situação que possibilitará aos armadores utilizarem as tripulações dos navios para executarem as tarefas dos trabalhadores de terra. A possibilidade de os navios também dispensarem na entrada do porto a ida dos pilotos locais a bordo e o limite a 30 anos à concessão dos operadores portuários, contra os actuais 50 anos, são outros dos pontos da directiva rejeitados pelos trabalhadores.
Ontem, os eurodeputados de todas as tendências políticas criticaram vivamente a directiva. O que levou o comissário europeu dos Transportes, Jacques Barrot, a dizer aos eurodeputados que "retirarão as consequências da votação". Em declarações ao DN, Vítor Dias, do Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul, disse que os sindicalistas portugueses estiveram ontem, reunidos com os eurodeputados do PSD e PS, que manifestaram solidariedade com o protesto dos trabalhadores. A votação é hoje por volta do meio-dia. C *Com Helder Robalo |