O JAVALI (Sus Scrofa)
O Javali é, por excelência, a espécie rainha da Caça Maior não só em Portugal, como também em praticamente todo o continente Europeu. Este animal desperta uma paixão incalculável em quase todos os praticantes desta modalidade de caça, por um lado pela quantidade de efectivos existentes, e por outro pela facilidade com que prolifera em quase todo o tipo de terrenos. Apesar de ter preferência por zonas de maior e mais denso coberto vegetal do tipo bosque e sub coberto mediterrânico, é fácil encontrá-lo também em zonas mais nuas de vegetação ou apenas cultivadas. A espécie revela uma invulgar capacidade de adaptação a muitos e diferentes tipos de ambientes, com o único senão de não lhe faltar a alimentação ( igualmente muito variada) e a água (é pouco provável encontrar javalis em zonas demasiado áridas ou secas). Revela, ainda, um elevado grau de nomadismo (capacidade de deslocar de umas regiões para outras conforme os hábitos da espécie, o clima, a disponibilidade de alimento ou ainda - sendo este o factor mais importante - a tranquilidade na zona). A espécie revela igualmente uma invulgar robustez física, dado que é pouco afectada por doenças virais ou epidémicas sabendo-se que a sua taxa de mortalidade por estes motivos é muito baixa (inferior a 3% dos efectivos de qualquer região), apresentando também uma taxa de reprodução muito elevada associada a uma taxa de mortalidade post natal muito baixa ( as fêmeas atingem a maturidade sexual cerca dos 8-10 meses de idade, e enquanto a primeira camada é de cerca de 3-4 crias, nas restantes parições este valor quase que duplica.)
Por estes motivos e de uma forma geral podemos dizer que existem javalis em praticamente todo o lado.
JAVALI MACHO ADULTO ANATOMIA DO JAVALI JAVALI FÊMEA E CRIAS
Dados os factos enunciados, poderemos questionar-nos então porque não está a espécie em vias de extinção, considerando o número oficial de animais abatidos anualmente, de forma legal, ao longo do território nacional (os números oficiais apontam para uma média de 3 000 a 4 000 exemplares por ano); os valores reais são, contudo, muito superiores aos números oficiais, uma vez que nestes quantitativos não estão considerados o furtivismo e os restantes processos não declarados. Calcula-se que este valor possa, realmente, triplicar .
A resposta está no facto do Javali ter uma actividade predominantemente nocturna, e ser dotado de alguns sentidos ultra sensíveis - olfacto e ouvido - defendendo-se dos predadores mais frequentes, neste caso o Homem, de uma forma extraordinária. Sendo o homem o único predador sistemático da espécie, o animal habituou-se a pressentir a sua presença e a evitar o mais elementar contacto visual. Pelo que a sua caça se torna altamente atraente por difícil e incerta, apesar da evolução dos meios de caça actuais.
As imagens que se seguem pretendem ajudar a identificar a presença destes animais no seu ambiente natural.
Evolução do javali até ao estado adulto Sinais de presença do Javali ( Fossado)
Desenho esquemático do Rasto Rasto real deixado na lama Outro Rasto real
E porque caçar é uma coisa, atirar é outra e finalmente cobrar o animal atirado é outra ainda, aqui ficam algumas referências sobre a reacção mais habitual do javali em função da colocação do tiro.
1 - Tiro de Rim ( Raramente se cobra. A morte sobrevém 48 a 36 horas após o ferimento).
2 - Tiro de Pata Traseira ( Nunca se cobra. )
3 - Tiro de Coluna atrasado ( Temporariamente paralisado no local do tiro, seguido de fuga arrastada. Cobro perigoso com animal vivo).
4 - Tiro de Pança baixo ( Raramente se cobra. Vestígios de banha, pêlos, conteúdo estomacal e tripas no local do tiro).
5 - Tiro de Hipófise. ( Nunca se cobra. Queda instantânea no local devido a desmaio; rápida recuperação e fuga desenfreada).
6 - Tiro de Focinho. ( Nunca se cobra. Queda e fuga instantânea).
7 - Tiro de Pata dianteira. ( Nunca se cobra. Queda e fuga instantânea).
8 - Tiro de coração. ( Cobro fácil. Pode acontecer a chamada "corrida da morte" caindo seco relativamente perto do local do tiro - até 150m)
9 - Tiro de coluna. ( Cobro fácil, mas atenção que pode ainda estar vivo quando nos aproximar-mos do animal )
Assim sendo qual será a melhor colocação para um tiro mortal ? A imagem que se segue mostra-nos a área vital do javali ( pulmões/ coração/coluna onde devemos colocar o tiro. Quanto mais intensa a cor mais perto ficará morto o animal.
Sobre o calibre mais adequado, todos servem a partir do .243 W , dependendo dos gostos e habilidade de quem se dedica a esta caça.
Finalmente, e como penso que todos sabem (?) o principal objectivo da caça maior é a obtenção do troféu, que, no caso do javali, é o conjunto das suas defesas - 2 navalhas (caninos inferiores) e duas amoladeiras ( caninos superiores). A seguir apresenta-se um esquema da evolução das defesas do javali bem como a sua localização nas maxilas e finalmente, o troféu já montado.
Evolução do troféu do javali
Localização nas maxilas e troféu final
Para quem estiver interessado em saber se o troféu que obteve deverá ser enviado para medição oficial e correspondente homologação aqui ficam os critérios de medição, bem como as respectivas fichas de registo das duas entidades internacionais representadas em Portugal. Para aceder aos documentos clique sobre o ícone da organização.
100,00 a 104,99 Bronze 45 - Bronze
105,00 a 109,99 Prata 49 - Prata
> 110 Ouro 53 - Ouro