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Enganando os sentidos

Domingo passado, a gente descobriu que o corpo humano tem partes que são muito mais sensíveis do que outras. As mãos, por exemplo, e os pés. A boca e a língua, então, nem se fala.

Pois é, o tato é um dos cinco sentidos humanos, uma das ferramentas que a natureza nos deu para explorar o mundo. Mas, às vezes, nós desligamos os sentidos sem perceber. Ignoramos os sinais que o nosso corpo nos envia.

Quer ver como isso acontece o tempo todo? Você tem consciência da sua roupa tocando a sua pele? Do sapato calçando o pé? Do relógio que está no seu pulso? Agora que isso tudo foi dito, você deve ter sentido! Mas a verdade é que, a maior parte do tempo, a gente não percebe muitas coisas que nos tocam. E tem gente que se aproveita disso.

Mark Mitten é um mágico profissional. Ele diz que é capaz de roubar o relógio de qualquer pessoa enquanto finge que faz um truque de cartas. Enquanto ele pede que a pessoa se concentre em uma carta, ele rouba o relógio.

Sabe o que isso significa? Que quando coisas mais importantes estão acontecendo, o cérebro deixa de prestar atenção em outras coisas. Como no relógio que o mágico pegou.

Cientistas da Universidade da Califórnia fizeram um teste para responder a essa pergunta. E descobriram que, se a gente já fica esperando que vai sentir dor, essa dor acaba sendo mais forte.

Os cientistas disseram aos voluntários que metade deles teria que tomar um analgésico, o comprimido amarelo, e a outra metade tomaria o comprimido marrom, uma droga capaz de aumentar a sensibilidade à dor.

Mas é tudo de mentirinha. Os voluntários, na verdade, tomaram um comprimido de farinha com açúcar pintado de amarelo ou marrom. Mas eles acham que receberam alguma coisa que vai torná-los mais resistentes ou mais sensíveis à dor. E o mais engraçado é que o pessoal acredita nisso.

"Agora eu vou fazer o seguinte: vou aplicar um pequeno choque elétrico no seu pulso, nada que vá te fazer mal. Mas se você sentir muita dor, me avise, que eu paro", avisa o cientista a um dos voluntários.

O que se espera é que os voluntários que tomaram o falso analgésico sintam menos dor. É exatamente o que acontece.

Já o pessoal que tomou o comprimido fajuto que aumentaria a dor recebe choques exatamente da mesma intensidade, ou seja, coisa fraquinha. Mas como a expectativa deles é de sentir mais dor, veja só o que acontece.

Os cientistas aumentam a intensidade dos choques. Os que acreditam ter tomado um analgésico continuam tranqüilos. E no outro grupo, o sofrimento se torna insuportável.

"Nós demonstramos que a expectativa de dor influencia diretamente a sensação de dor. Se a gente acha que alguma coisa vai doer, acaba doendo mesmo", conclui o cientista.

Domingo que vem você vai descobrir mais um dos cinco sentidos: a visão. Você vai descobrir quanta coisa passa despercebida aos nossos olhos.


01/Jan

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