Direito ao Meio Ambiente Natural Selvagem
Por Antônio Marcos • 30 nov, 2008 • Seção: Antônio MarcosEm uma coluna anterior escrevi sobre aventura e meio ambiente em vista da responsabilidade na preservação da natureza pelos aventureiros e ecoturistas que freqüentam tais lugares para realizarem suas expedições ou simples passeios.
Nesta quero dizer sobre o direito ao meio ambiente natural e selvagem para as atuais e futuras gerações. Todos têm direito de realizar atividades no meio selvagem com tudo o que esse meio possa nos presentear: um banho gelado em uma cachoeira, o vôo das aves, poder andar por vários dias pelas montanhas sem termos nenhum vestígio de civilização, incluindo também os riscos (é lógico desde que observada às condições de segurança e também não colocando outras pessoas em risco) e exercer esse direito significa em estarmos preparados para as situações que possam ocorrer no meio natural. Nos últimos dias esse direito vem sendo ameaçado como o caso do Decreto 6.640/2008 que muda a lei sobre as cavernas dando uma classificação de importância para as mesmas, tudo isso para que as cavernas sejam exploradas comercialmente (não pelo ecoturismo) por empresas de mineração, sendo este decreto contrário a legislação anterior sobre cavernas que protege todo meio ambiente cavernícola, mas a sociedade civil através da SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia) organizou um movimento contando com o apoio de mais de 170 entidades e mais de 3.000 indivíduos preocupados com os efeitos destrutivos sobre o patrimônio espeleológico.
Outro problema que ocorre é a da especulação imobiliária em áreas naturais (ilhas, florestas, mangues, entre outros), com o intuito de morar próximo a natureza grandes construtoras e imobiliárias criaram os chamados condomínios ecológicos (que funciona mais como marketing do que uma preocupação efetiva com o meio ambiente) o número desses empreendimentos é cada vez maior causando grandes impactos ambientais principalmente na região da Mata Atlântica, como diz a letra de uma musica do cantor Fagner “quem é rico mora na praia mas quem trabalha não tem onde morar”.
Também temos o turismo que com o intuito e a promessa de gerar empregos usa essa prerrogativa para destruir o meio ambiente. Um caso recente ocorre no município de Pindamonhangaba (interior do Estado de são Paulo), na região do Pico do Itapeva (Serra da Mantiqueira), nessa região será construído uma estação de esqui com neve, causando um impacto ambiental e social de grandes níveis, tal projeto prevê a construção e três pistas de 200 metros de extensão por 80 metros de largura o complexo será construído para comportar uma demanda diária de 10mil pessoas, com a possibilidade de 5mil esquiando ao mesmo tempo, esse complexo vai ocupar uma área de 3milhões de metros quadrados e cada máquina produz 300 toneladas de neve por dia e para encher as pistas é necessária uma semana de produção do equipamento, a empresa conta com outras 50 estações de esqui espalhadas pelo mundo e em seu site promete a criação de 500 empregos diretos, o que nos jornais da região já chegaram até 2.500, até agora não houve com a comunidade local, regional e com as organizações ambientais um diálogo sobre os problemas socioambientais que serão causados pela estação nem por parte da prefeitura do município e nem por parte da empresa que espera somente as licenças ambientais para a implementação da estação que não vai poder ser utilizada pela maioria da população por que uma diária vai custar de 230 a 300 reais fora o aluguel do equipamento (duas ou três diárias já pagariam o salário da maioria dos trabalhadores da estação).
Por outro lado existem organizações que lutam por um ambiente natural e selvagem como a Montain Wilderness que trabalha pela preservação do estado selvagem das montanhas e seu desenvolvimento sustentável (de acordo com a Tese de Biella) e contra uma montanha vulgarizada pelo consumo e objeto de exploração e interesses e grupos comercias, cabe a nós também lutarmos pelo nosso direito ao ambiente natural e selvagem, para salvaguardar as próximas gerações o direito a exploração consciente desses ambientes.
“Desfrute, compartilhe e aprenda a riqueza de uma montanha viva. Sinta a solidão, a beleza, o esforço, a cooperação, o risco… como algo que só será possível em uma natureza inalterada e livre da mercantilização de seus valores e recursos naturais.”
(Montain Wilderness)
Caso queira mandar uma mensagem sobre o tema das cavernas ou a estação de esqui escreva para comunica_geca@hotmail.com.
Abraços e até a próxima!
Antônio Marcos: Diretor da ONG GECA - Grupo de Estudos e Conscientização Ambiental de Taubaté. Desenvolve trabalhos através do NUCAM - Núcleo de Atividades Campestres. Técnico em turismo pelo Instituto Paula Souza.
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valeu por ter escrito isso precisava para o meu trabalho