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O Estado de Deus:

Pensamentos Sobre um País Hipotético


Danilo José Figueiredo
danilo@klepsidra.net
Bacharel em História / USP
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Introdução
Fundação
Primeiras Guerras
Decisão Greco-Romana
Marcha dos Judeus
Encontro dos Nativos
Reino Judeu
Chegada dos Árabes
Advento Viking
Sociedade e Religião
Chegada dos Orientais
Guerra Edêmica e
Crises Geopolíticas

Hegemonia Saxetana e
suas conseqüências

Fim do Éden

 

6 – Da Chegada dos Árabes:

 

Desde o início do século III até o início do século VIII, o Éden viveu mais de 500 anos de relativa tranqüilidade e de uma estabilidade sócio-econômica que acabara por se tornar uma verdadeira estagnação tecnológico-cultural.


        Porém, no ano de 730 d.C. as coisas começaram a mudar. Vejamos, os Árabes estavam em franca ascensão e, em 711 d.C., haviam conquistado a Espanha Visigótica. Depois de terminarem tal conquista, continuaram se expandindo até serem freados na Batalha de Poitiers, em 732 d.C.. Neste período, algumas expedições marítimas foram enviadas rumo ao Oceano Atlântico e, em 730 d.C., uma dessas expedições, composta de cerca de trinta navios, atingiu o Éden.


Chegaram numa região desértica situada ao sul do antigo Reino de Emanuel. Nessa região, tudo o que encontraram foi areia, alguns oásis e, em algumas partes do deserto, estátuas e monumentos semi-cobertos pela areia. Resolveram explorar a região que, devido a uma circunavegação, havia descoberto ser uma ilha. Pretendiam conquistar a região e depois regressar para a Espanha, onde contariam a novidade às autoridades. No entanto, depois de terem feito acampamento à beira mar, iniciou-se uma tempestade tão forte que lançou os navios uns contra os outros até que, em duas horas, não havia sequer um sobre as águas.


Constatando que estavam presos naquela região e que dificilmente seriam resgatados, os Árabes Omíadas resolveram sair à caça de mulheres para poderem fundar uma civilização. Eram pouco mais de 20.000 homens bem armados (sendo que cerca de 5.000 destes eram negros da África Sub-Saariana que haviam sido trazidos na qualidade de escravos que receberiam a liberdade após o término de um determinado número de batalhas, tática de guerra muito comum entre os povos do Oriente Médio Antigo e Medieval), montados em cavalos e camelos. Portavam cimitarras e armaduras leves e eram movidos por sua fé em Allah e no profeta Maomé para progredirem.


Partiram todos juntos, rumo ao interior, seguindo aquilo que nitidamente era o leito de um rio intermitente. Buscavam água potável e, principalmente, mulheres. Depois de encontrarem alguns povos nômades do deserto, a primeira região civilizada que encontraram foi o Estado Tampão. Era uma região fortificada, dona das maiores e melhores bases militares de Saxet, também muito populosa, com construções em estilo Judaico e Cristão. Devido às suas táticas de guerra modernas e à velocidade com que se locomoviam (afinal estavam quase todos montados em animais) conseguiram romper com certa facilidade as defesas de Saxet no Estado Tampão e, em poucos meses de assalto, tomaram-no de assalto.


Agora tinham mulheres para perpetuar o Império que queriam fundar e tinham também uma bela cidade para chamar de capital: Melasurej, que havia sido fundada pelos Judeus após sua expulsão de Saxet e que agora era uma das principais cidades religiosas dos Cristãos daquele país.


Um dos sacerdotes que traziam consigo foi sagrado como Califa e assim surgiu o Império de Anitselap, situado no antigo Estado Tampão.


A notícia da queda do Estado Tampão chagou rapidamente a Notgnihsaw, capital de Saxet, que se localizava na margem ocidental do Grande Lago Médio e aquele país, que já não tinha guerras há cinco séculos, enviou tropas para tentar destruir os invasores. Foi um fiasco, apesar de terem conseguido retomar Melasurej, os exércitos de Saxet (que após 500 anos de relativa paz eram compostos quase que exclusivamente de cavaleiros (os cavalos haviam se difundido muito no Éden) equipados à custas das finanças particulares, já que o país já não investia em tecnologia bélica) ficaram ilhados na cidade, em meio a um Império ascendente, como a Anitselap.


Missões enviadas pelos Árabes a outras regiões do Oidem Etneiro encontraram uma cidade Atlante remanescente do período de glória daquela civilização. Como as cidades do ocidente, ela estava decadente, mas, diferentemente daquelas, ela ainda detinha uma enorme força militar, com muitos milhares de homens.


Houve uma guerra que durou anos, guerra que ocorreu paralelamente à retomada de Melasurej. Depois dessa guerra, uma rica região entre dois caudalosos rios caiu sob o domínio dos Árabes e a antiga cidade Atlante se tornou a nova capital do Império Muçulmano do Éden: Ainolibab. A partir daí, expedições Árabes alargaram as fronteiras do Império da Anitselap, chegando até o Lago do Oriente, um outro lago, semelhante ao Grande Lago Médio, mas com proporções menores.


Os Árabes fizeram muitas descobertas, dentre elas, a forma de controlar (ainda que de maneira rudimentar) o poder bélico utilizado pelos Atlantes de Ainolibab contra eles. Este poder consistia de disparos flamejantes semelhantes àqueles que as lendas de Saxet relatavam ter abatido o “Folha de Agosto” há cinco séculos. Com tamanho poder destrutivo nas mãos, os Árabes se lançaram contra as cidadelas fortificadas de Aporue, mas, apesar de terem dominado todas as tribos nômades e semi-nômades do Oidem Etneiro, inclusive fundando cidades nos oásis do deserto por onde primeiro passaram, acabaram detidos por uma coligação de cidades Egípcias de Aporue e, tendo Saxet acertadamente enviado ajuda a Aporue, a expansão Árabe foi interrompida, o que impediu que o Islamismo destruísse o Cristianismo no Éden. Porém, uma coisa já era certa, em mais de cem anos de presença Árabe no Éden, já passavam de 2.000.000 os habitantes do Império da Anitselap, sendo assim, fazia-se impossível aos Cristãos de Saxetérica ou mesmo aos Greco-Egípcios de Aporue banir os Muçulmanos e, dessa forma, a única coisa que podiam fazer era aceitar mais uma mistura no caldeirão de crenças e etnias que o Éden havia se tornado.


Por volta de 950 d.C., o Império da Anitselap já não passava de uma estrutura postiça sobre quatro Reinos menores, sendo assim, após a morte do Califa Azer Velhap, o Império se dividiu a seguinte maneira: O Império de Yekrut, nas margens do Lago do Oriente, que conservou as instituições Imperiais, mas que passou a ser governado por um Sultão; o Reino da Natsinagefa, no extremo oriente do Oidem Etneiro, um Estado atrasado, marcado pelo mais puro radicalismo Islâmico; o Reino de Iduas Aibara, no deserto onde os Árabes aportaram, que tentou se estabelecer nos moldes dos Reinos de Aporue; Qira, um estado altamente militarizado chefiado por um líder político-militar vitalício e cuja capital era a cidade de Ainolibab e, finalmente, o Estado de Anitsalep, cujo governo era muito parecido com o de Saxet. Todos esses cinco Estados eram muito poderosos e populosos e viviam sob as mais rigorosas orientações Islâmicas.


Na medida em que o Império de Antiselap ruiu, Saxet se sentiu forte para enviar tropas para realizar uma guerra contínua contra o Estado de Anitselap. Queriam, agora mais do que nunca, reconquistar o Estado Tampão que um dia possuíram, afinal, agora havia um forte perigo no oriente, pois se antes haviam os pequenos Reinos de Aporue, governados por soberanos absolutos, mas que tinham ainda memórias do Cristianismo (chegando alguns mesmo a terem se convertido devido à exposição ao Cristianismo do Estado Tampão), agora, no Oidem Etneiro, haviam os Estados Islâmicos, que, regidos por uma Fé tão missionária quanto a Cristã, representavam uma verdadeira ameaça à ordem ocidentalizadora estabelecida por Saxet desde os primórdios da chegada ao Éden (chegada esta que a cada dia parecia mais mitológica).


Como os Estados Muçulmanos oriundos do cisma Imperial não eram totalmente aliados, alguns deles adquiriram uma nítida política de aproximação com a Saxetérica, com Aporue, ou com ambos e um conseqüente afastamento em relação a seus pares Islâmicos.


Natsinagefa, justamente por estar isolado geograficamente de todo o resto do Éden por suas fronteiras com seus irmãos e por uma grande cadeia montanhosa quase intransponível, permaneceu sem se aliar a ninguém. Qari, que estava na região central do mundo Árabe, tendo fronteiras com todos os seus irmãos e apenas com eles, continuou sendo uma espécie de centro do Mundo Islâmico, Anitselap, por ser uma região estratégica, teve de se militarizar e depender muito da ajudar de Qari para ajuda-lo nas lutas contra Saxet. Por sorte, os Reinos Egípcios que se identificavam de certa forma com a cultura Árabe, se abstiveram de auxiliar Saxet, deixando apenas os Reinos Gregos como inimigos de Anitselap no Oriente, se bem que mesmo estes sentiam uma certa simpatia pelos povos Árabes, afinal, a cultura que levava aqueles a se perpetuarem era, nada mais do que a cultura Helenística, espalhada pelo oriente, no século IV a.C, por Alexandre, o Grande. O Império de Yekrut se distanciou de tal maneira da comunidade Islâmica que conseguiu ser incluído pelos países Greco-Egípcios na lista de membros da Aporue, e não do Oidem Etneiro. Por fim, Iduas Aibara, apesar de quase isolada, por ter costas no Grande Lago Médio, acabou desenvolvendo um intenso comércio e intercâmbio cultural com Saxet; e foi justamente nesse intercâmbio que Saxet obteve a arma de disparos flamejantes dos Atlantes que, até então, era exclusividade Islâmica. Utilizou-se, então, dessa arma para combater Anitselap em suas “Guerras Santas”.

 


Continuação