I. De forma clara, a reportagem do Expresso (último sábado) mostrou uma Arrábida fora da lei: várias pedreiras "ilegais" estão ali a operar. E como é que o Estado permite isto? Como? E estamos a falar daquele Estado omnipresente, que está em todos os sectores da sociedade e da economia. Ora, o problema está precisamente aqui: o Estado está onde não devia estar (economia), o Estado é omnipresente nos sectores onde não devia ser omnipresente (saúde, educação), e, depois, esse mesmo Estado não consegue impor a sua autoridade e o seu Estado de Direito. O nosso Estado está em todo o lado, e depois não está onde só ele pode estar. Este monstro, que abastece 900 mil (?) funcionários públicos, não deixa que um pai escolha a escola do filho, controla o sal do nosso pão, mas depois deixa que alguém transforme a serra da Arrábida num queijo suíço.
II. O Estado não consegue prender ninguém por corrupção. Em Portugal, cobrar uma dívida pela via legal é quase impossível. Ou seja, a autoridade do Estado não consegue chegar à justiça. Isto sucede, porque todo o peso do Estado está centrado no tal Estado Social (SNS, escolas, etc.). A autoridade e o Estado de Direito (elementos que só podem ser garantidos pelo Estado) foram desprezados em nome do Estado Social
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III. Meus amigos, não há Estado de Direito sem a Espada. A "Justiça" é cega e tem uma balança na mão esquerda, sim senhora, mas também tem uma espada - na mão direita. Essa espada nunca foi vista em Portugal. Este Estado não tem força para a empunhar. Neste regime, a tal espada está reservada para aqueles que querem reformar o Estado Social. Meus amigos, isto que temos não é uma democracia liberal. É um Estado Social insustentável construído sobre a insustentável Administração deixada por Salazar.